
Kathleen Hanna - My life with Evan Dando Popstar
Kathleen Hanna teve forte influência sobre a minha vida no final da adolescência. Foi um gatilho para que eu me expressasse sobre meus segredos e vergonhas em cadernos visuais, especialmente como primeiro passo após um relacionamento abusivo. Sob o som de Bikini Kill, me livrei da situação revoltada, determinada e feliz. No entanto, até o presente momento, oito anos depois, eu nunca havia visto o zine debochando de Evan Dando, o que muito me surpreendeu, postas as semelhanças.
"you shouldn't make spoken word, it sucks, you should start a band" Kathy Acker para Kathleen Hanna
Patti Smith, rainha do rock, por mais cafona esse título possa soar. Experimental em sua escrita incessante, monstruosa em sua fisicalidade andrógina e grunge, sagrada em suas performances interpretando a si mesma - era péssima atriz.

Kathleen Hanna comenta, entre suas influências, as escritoras Karen Finley, para quem escreveu a introdução de seu livro The Reality Shows, e Kathy Acker. Durante a presente pesquisa, ao pesquisar estas referências, fui tomada por uma sensação que havia me abandonado desde o momento em que tive os primeiros contatos com Kathleen Hanna, seus zines e músicas. Karen Finley, performer, poeta e artista visual, me encantou com sua visceralidade, humor e crueza.
Na performance sem título ao lado, Karen Finley me remete a Márcia X em Pancake (2001), ao se embeber em substância estranha sob um aspecto levemente mostruoso; remete também a diversos trabalhos de Ana Mendieta (ex: Blood and Feathers, 1974), com sua visceralidade e convicção no discurso sobre terrores femininos, como a sacralidade, abuso ou aborto. Karen Finley frequentemente não autorizava registros de suas performances.
Márcia X em Pancake (2001)
Sem título (Blood and Feathers # 2) é um curta-metragem de três minutos e meio, que documenta uma performance que Ana Mendieta realizou em Old Man's Creek, Iowa. O filme mostra Mendieta de pé, nua, na margem arenosa ao lado de um riacho, diante de uma correnteza e de uma encosta íngreme de lama do outro lado. Depois de olhar diretamente para a câmera, ela levanta um frasco até a altura do ombro e começa a derramar sangue pelo peito, pernas e estômago. Ela então se estica sobre os ombros para incluir as costas e cobre os braços antes de jogar o recipiente vazio de lado. Caindo no chão, ela mergulha de cara em um monte de penas brancas, onde lentamente rola para frente e para trás, aderindo as penas ao sangue pegajoso em sua pele. Finalmente, ela se levanta lentamente para ficar com os braços afastados do corpo, mas dobrados no cotovelo como se estivesse se imaginando um pássaro com asas. Ela mantém essa posição por alguns segundos antes do final do filme.

Juliana Bernardino, pintora do terror, diretamente de Nova Iguaçu para os seus piores pesadelos. Expressa em sua produção, fétida e condensada, sua estima, quase um esmero, pelos próprios traumas. Tem um relacionamento íntimo, invejável, posto que aparentemente recíproco, com a morte em todas as suas conotações.
Sua narrativa aborda temas do grotesco feminino contemporâneo, apresentados em sua pintura por meio de compilações de cenas cuja tendência é evocar algo como um cafuné de cerol no espírito. Garotas feridas, travadas, famintas, deformadas, taradas, piradas, e convictas. Nada de histeria, apenas terror em sua normalidade mais avassaladora.




Small Wonder, programa de televisão dos anos 80, influência da infância de Kathleen Hanna.
Aleta Valente, artista contemporânea carioca, aborda temas polêmicos relacionados ao feminino, através de uma linguagem bem-humorada e debochada, e uma estética típica da mulher suburbana, gostosa, malandra e carioca.
Tracey Emin em Insomnia Room (2019)
Tracey Emin em Everyone I Have Ever Slept With (1963 - 95)

Pipilotti Rist em Das Zimmer (1997)

Nan Goldin em The Ballad of Sexual Dependency (1979 - 86)